CONTENÇÃO ORTODÔNTICA: INIMIGA OU ALIADA DO TECIDO PERIODONTAL?
Palavras-chave:
Contenção ortodôntica, Ortodontia, Periodontia, Recessão Gengival, Tratamento OrtodônticoResumo
Introdução: A Recessão Gengival (RG) é definida pela perda progressiva dos tecidos de sustentação e proteção periodontal, podendo estar associada a um único dente ou a um grupo de dentes em um ou mais sítios, sendo de origem multifatorial. Este estudo teve como objetivo elucidar a correlação das contenções ortodônticas com o surgimento de RG. Revisão de literatura: A RG tem como característica a migração da gengiva marginal no sentido apical à junção amelocementária, tendo como consequência a exposição radicular, danos estéticos e funcionais ao periodonto. É frequentemente acompanhada por sensibilidade dentária, dificuldade na higiene oral, maior propensão a lesões de cárie, possíveis implicações ao periodonto e alterações estéticas. A sua etiologia é multifatorial, envolvendo fatores anatômicos, genéticos, traumáticos, periodontais e iatrogênicos. Evidências científicas mais atuais têm destacado a interação do surgimento da RG em dentes anteriores inferiores com a presença de contenção fixa. Contenções após o tratamento ortodôntico são amplamente utilizadas para manter os resultados obtidos durante a fase ativa do tratamento. No entanto, essas contenções podem dificultar o controle de biofilme e placa bacteriana, tornando a superfície lingual mais suscetível à formação de cálculo, sendo esta condição um fator predisponente para o aparecimento de RG, gengivite e subsequente destruição periodontal. Existem diferentes tipos de contenções ortodônticas, entre elas a contenção fixa com fio ondulado, conhecida como higiênica. Ela possui desvantagens relacionadas ao aumento da retenção de matéria alba e placa bacteriana, já que apresenta uma maior quantidade de fio em íntimo contato com a superfície dentária. Além disso, em função da sua extensão e da presença de dobras no fio, que se estendem até a margem gengival, essa contenção está mais propensa a sofrer deformações e ocasionar movimentações dentárias indesejadas. Discussão: O tratamento ortodôntico por si só e as contenções ortodônticas fixas não aumentam o risco de RG, sendo as contenções fixas compatíveis com a saúde periodontal. Falhas poderão ocorrer em casos de diagnóstico tardio de problemas relacionados às contenções, possibilitando danos aos tecidos periodontais e até necessidade de retratamentos ortodônticos. Estudos prospectivos sobre a influência de contenção ortodôntica e a presença da RG são necessários, tendo em vista que fatores como tempo de permanência da contenção, números de dentes envolvidos e sua posição próxima dos tecidos gengivais não tiveram seus riscos totalmente elucidados. Conclusão: Embora a relação entre contenção ortodôntica e RG ainda necessite de investigações adicionais, evidências atuais sugerem que, para escolha do tipo de contenção, deve-se avaliar o fenótipo periodontal. Todavia, é preciso também considerar que mudanças na inclinação de dentes anteriores inferiores possam ocorrer sem representar um maior risco para RG.