A CORRELAÇÃO ENTRE FATORES EMOCIONAIS E A DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR
Palavras-chave:
Angústia psicológica, Articulação temporomandibular, Saúde públicaResumo
Introdução: A articulação temporomandibular é uma das mais complexas do corpo humano. É composta de estruturas ósseas, cartilaginosas, ligamentos e musculatura responsáveis pelos movimentos mandibulares. A disfunção temporomandibular (DTM) é um distúrbio frequentemente relacionado ao estresse, que induz o aumento da atividade muscular, fortemente associado a hábitos parafuncionais, resultando em fadiga, espasmo e dor. Pesquisas demonstram que mais de 50% da população brasileira apresenta um ou mais sintomas de DTM. Revisão de literatura: Atualmente, a DTM é explicada através do modelo etiológico multifatorial, em que vários fatores são aceitos em sua determinação. Neste contexto, os fatores psicológicos parecem desempenhar um papel significativo, podendo contribuir não somente para o aparecimento da DTM, como também para a sua perpetuação. Os fatores psicológicos podem ser cognitivos, comportamentais ou emocionais. Os principais sinais e sintomas da DTM são dor intra-articular, espasmo muscular, dor intra-articular combinada com espasmos musculares, dor irradiada na área temporal, massetérica ou infra-orbital; crepitação, dor ou zumbido no ouvido; dor irradiada no pescoço; dor de cabeça crônica, sensação de tamponamento no ouvido. Estes sintomas podem influenciar negativamente na qualidade de vida do indivíduo, comprometendo-o nas esferas familiar, social e profissional. Apesar de todos esses sintomas se relacionarem à DTM, a dor de cabeça é a queixa mais frequente dos pacientes. Discussão: Muitos estudos demonstram características comportamentais que podem estar relacionadas à DTM, na tentativa de definir um padrão psicológico correlato. Embora tal padrão inexista, sabe-se que a maneira como o indivíduo reage ao estresse pode determinar uma hiperatividade muscular e causar a disfunção. Algumas das características comportamentais frequentemente observadas em pacientes com DTM são a somatização, a dependência afetiva, a depressão, a distorção da autoimagem, a distúrbios da sexualidade, baixa auto-estima agressividade reprimida, a ansiedade e a dificuldade de lidar com as frustrações. As terapias convencionais para o distúrbio vão desde placas miorrelaxantes, ajustes oclusais, botox e uso de ansiolóticos, até o tratamento cirúrgico. O tratamento pode ser desafiador, uma vez que perpassa por questões tão delicadas da psique do indivíduo. É de suma importância destacar a correlação que esse distúrbio tem com fatores psicológicos, e levar essa discussão ao conhecimento da população, já que grande parte dos indivíduos desconhece os sintomas que a sobrecarga psicologia pode causar, inclusive no sistema estomatognático. Conclusão: Numa sociedade que vivencia um adoecimento afetivo com aumento exponencial dos casos de depressão e ansiedade, este assunto deve ser tratado com a delicadeza e respeito que merecem. Diante do exposto, é mister a necessidade de um atendimento multiprofissional e humanizado aos pacientes com DTM. Além de participar do tratamento em conjunto com outros profissionais, o cirurgião-dentista deve ser capaz de acolher o indivíduo, gerar confiança e vínculo, além de espalhar informações às pessoas que necessitam de ajuda.