Pigmentação exógena por amiodarona

Autores

  • Stella Diniz Caixeta Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM)
  • Antônio Afonso Sommer Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM)
  • Cássia Eneida Souza Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM)
  • Marcos Bilharinho de Mendonça Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM)
  • Rodrigo Soares de Andrade Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM)

Resumo

Introdução: A amiodarona é um fármaco antiarrítmico de classe III, assim denominado pela classificação de Vaughan Williams, pois possui como mecanismo de ação o bloqueio dos canais de potássio durante a fase de repolarização. Tal mecanismo funciona de modo a aumentar o período refratário, prolongando o potencial de ação (PA) sem que o potencial da membrana de repouso ou a velocidade máxima de despolarização nos tecidos cardíacos sejam afetados. É um potente controlador do marcapasso cardíaco. Entretanto, o uso da amiodarona apresenta determinados efeitos adversos que podem comprometer a saúde sistêmica do paciente, podendo causar distúrbios cardíacos, pulmonares, endócrinos, oftálmicos, cutâneos, entre outros. Relato de caso clínico: O paciente S. C. G, gênero masculino, 75 anos, compareceu ao Centro Clínico Odontológico do Unipam, com queixa principal voltada para a fratura de um elemento dentário que servia de suporte para a sua prótese parcial removível (PPR). Durante a anamnese, o paciente informou que possuía distúrbios do coração, tais como Doença de Chagas e arritmia cardíaca, relatando ainda que sofrera um episódio de infarto há 10 anos atrás. Afirmou ter passado por procedimentos cirúrgicos para tratamento de pulmão e para implantação de marcapasso, e revelou fazer o uso de medicamentos para controlar as alterações cardíacas que possuía, dentre eles o cloridrato de amiodarona 200mg. Durante o exame físico extrabucal, percebeu-se que uma considerável área da face do paciente apresentava pigmentação de coloração arroxeada/azulada, que se estendia do terço inferior até parte do terço médio. Notou-se que essa pigmentação estava presente também em seus braços. Analisando sua história médica pregressa, o medicamento utilizado e as áreas de pigmentação constatou-se de que se tratava de pigmentação exógena por amiodarona. No exame intrabucal não foram encontradas alterações dignas de nota. Discussão: O fármaco em questão, apesar de ser um excelente antiarrítmico, apresenta uma alta toxicidade, principalmente se seu uso for contínuo ou de altas dosagens diárias. Ainda que tais efeitos sejam uso-dependentes, sua meia-vida de eliminação é lenta, o que propicia maior tempo de dissipação e acúmulo da droga nos tecidos. Quando existe um acúmulo de metabólitos do medicamento e da atividade celular na pele, há ocorrência de fotossensibilidade e hiperpigmentação. Estudos apresentam que, fisiologicamente, isso se deve à ação da amiodarona sobre os lisossomos, induzindo a deposição de lipofuccina nos tecidos cutâneos, gerando maior sensibilidade à luz solar, bem como a pigmentação cutânea. Conclusão: A amiodarona apresenta excelente efeito sobre condições anormais do ritmo cardíaco, normalizando-as através de seu mecanismo de ação inibidor dos canais de potássio e prolongador do PA. Contudo, apresenta uma série de efeitos adversos passíveis de comprometer sistemicamente o paciente que faz seu uso, dentre eles a hiperpigmentação e fotossensibilidade, que são fatores desconfortáveis e limitantes do estilo de vida do paciente. O cirurgião-dentista não é apto a fazer a remoção da medicação, mas deve encaminhá-lo ao cardiologista, alertando sobre a reação adversa manifestada.

Biografia do Autor

Stella Diniz Caixeta, Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM)

Discente do curso de Odontologia

Antônio Afonso Sommer, Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM)

Doutor em Odontologia e docente

Cássia Eneida Souza, Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM)

Especialista em Atenção Básica em Saúde e docente

Marcos Bilharinho de Mendonça, Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM)

Mestre em Odontologia e docente

Rodrigo Soares de Andrade, Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM)

Doutor em Estomatopatologia e docente

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Publicado

2023-02-28

Edição

Seção

Resumos