Perspectivas acerca do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade
uma revisão da literatura
Resumo
O transtorno de déficit de atenção/hiperatividade é considerado um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e, em alguns casos, acompanha o indivíduo por toda a sua vida. O TDAH não pode ser confirmado por nenhum exame laboratorial ou de imagem, o que gera questionamentos quanto a sua existência enquanto diagnóstico clínico. O presente trabalho teve como objetivo realizar uma revisão bibliográfica da literatura sobre o TDHA evidenciando aspectos da avaliação psicológica, a problematização do diagnóstico e possíveis intervenções psicopedagógicas. Foram investigados periódicos digitais, encontrados nas bases de dados da SciELO e PePSIC. Utilizou-se “transtorno de déficit de atenção e hiperatividade” como descritor. Para a seleção, utilizou-se como critérios que o texto estivesse disponível na íntegra nos idiomas português e inglês e que estivessem sido publicados entre 2000 e 2016. Estima-se que o TDAH é um dos transtornos neuropsiquiátricos mais conhecidos na infância, acometendo aproximadamente de 3 a 5% das crianças, persistindo até a idade adulta em torno de 60 a 70% dos casos. Sendo que, a criança com TDAH apresenta uma tríade sintomatológica que envolve falta de atenção, hiperatividade e impulsividade, ocasionando sérias dificuldades para o processo de aprendizagem, além de prejuízos pessoais e sociais. Todavia, a popularização do termo “criança hiperativa” passou a preocupar muitos estudiosos que questionam suas bases biológicas e seu tratamento medicamentoso e denunciam a banalização deste diagnóstico para a infância contemporânea. A diferenciação entre o TDAH e a normalidade configura um dilema clínico importante, responsável por muitos diagnósticos equivocadamente firmados. Aspectos da personalidade associadas aos contextos familiares/escolares adversos podem contribuir para o estabelecimento de padrões disfuncionais de comportamentos/pensamentos e emoções, que nem sempre se configuram no transtorno. Nesse sentido, o pouco conhecimento sobre a patologia gera dificuldades, uma vez que indivíduos podem receber, equivocadamente, o rótulo de TDAH, assim como muitos outros com essa patologia podem passar despercebidos e ficar sem tratamento. Com relação a este, identifica-se uma abordagem múltipla, englobando intervenções psicofarmacológicas e psicossociais. Evidencia-se o papel psicoeducativo, através do qual informações claras e precisas são disponibilizadas à família a respeito do transtorno. Assim, ante as dificuldades cognitivas, comportamentais e emocionais, é importante que o psicólogo e o psicopedagogo planejem atividades adaptáveis às possibilidades de cada criança. Estudos sobre o TDAH desvendam novas técnicas, com a finalidade de que haja uma diminuição da interferência que os sintomas do TDAH causam na vida da pessoa, como na aprendizagem, nos relacionamentos e na autoestima. Contudo, ressalta-se a necessidade de um olhar crítico do profissional de saúde, para que diagnósticos e tratamentos medicamentosos não sejam utilizados indiscriminadamente. São necessários mais estudos que investiguem as implicações futuras da medicalização infantil.