Caminhos da integralidade

a dança circular como recurso terapêutico nos CAPS

Autores

  • Ataualpa Maciel Sampaio Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM)
  • Eudes Noronha Souza Júnior Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM)
  • Eduarda Aline Dias Cardoso Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM)

Resumo

A assistência psiquiátrica no Brasil vem passando por reformulações nas últimas décadas, passando do modelo essencialmente asilar, para novas formas de assistência que incluem serviços substitutivos, o NASF e o PSF. As práticas complementares têm ganhado cada vez mais espaço dentre as atividades desenvolvidas e constituem um recurso terapêutico importante para o trabalho cotidiano. O presente artigo procura explorar a experiência da oficina de dança circular realizada no CAPS II de Patos de Minas no estágio profissionalizante de Saúde Mental e Saúde Pública, contribuindo para a atenção integral à saúde dos usuários de saúde mental. A dança não se restringe a uma sequência de passos ritmados, mas constitui-se numa forma de integração entre corpo, movimento, expressão e sentimentos, potencializando a criatividade e a comunicação entre as pessoas. A dança circular é um método criado pelo bailarino e pedagogo alemão Bernard Wosien na década de 1970, e tem revelado potencial terapêutico para pacientes psiquiátricos. Essa proposta de dança e expressão corporal permite a incorporação de movimentos, dando a oportunidade àqueles que a praticam expressar sentimentos e afetos que não se mostram pelas palavras, promovendo a integração e encontro dos participantes através do movimento. A necessidade de diversificar as oficinas terapêuticas no trabalho cotidiano do CAPS II é constante. O desinteresse dos usuários, aliado aos efeitos colaterais da medicação amiúde tornam-nos indiferentes, passivos ou resistentes às atividades da permanência-dia. Antes da oficina uma paciente demandou explicitamente aos estagiários que fizessem uma oficina de dança. Foi então realizada uma pesquisa bibliográfica e a escolha da dança circular mostrou-se uma alternativa viável e recomendada, pela experiência realizada em outros serviços de saúde mental. Para a atividade foram usadas uma seleção de músicas e o aparelho de TV da instituição. A oficina contou a participação de 20 pacientes, e durou aproximadamente 50 minutos. A atividade foi coordenada pela estagiária e por dois assistentes, também estagiários. Após instrução inicial os participantes deram as mãos e formaram um círculo. Os movimentos que inicialmente eram direcionados foram sendo gradativamente modificados pelos participantes, que se integraram à dança e propuseram de maneira criativa a condução da dança. Percebeu-se a participação até mesmo dos pacientes mais resistentes às atividades propostas. Notou-se a expressão de movimentos espontâneos, promovendo um sentimento de alegria e integração entre os pacientes que normalmente não é vista em outras oficinas. A busca da integralidade na assistência ao portador de sofrimento mental é um dos principais desafios para os CAPS’s atualmente. A dança circular como prática integrativa e complementar possui potencial terapêutico, despertando no paciente a criatividade, constituindo-se como importante recurso para o trabalho cotidiano.

Biografia do Autor

Ataualpa Maciel Sampaio, Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM)

Docente do Curso de Psicologia do Centro Universitário Patos de Minas

Eudes Noronha Souza Júnior, Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM)

Discentes do Curso de Psicologia do Centro Universitário Patos de Minas

Eduarda Aline Dias Cardoso, Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM)

Discentes do Curso de Psicologia do Centro Universitário Patos de Minas

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Publicado

2018-07-27

Edição

Seção

Resumos