Fatores de risco cardiovasculares em crianças
uma reflexão sobre a família moderna
Resumo
Adultos são mais acometidos por doenças cardiovasculares, porém, o desenvolvimento de doenças crônico-degenerativas deve ser prevenidas desde a infância. O padrão familiar está diretamente envolvido no aparecimento e desenvolvimento de doenças cardiovasculares (DCV’s) tendo ou não um fator genético predisponente. Este estudo teve como objetivo identificar fatores de risco para doenças cardiovasculares em escolares e investigar a relação com as mudanças no padrão familiar atual. Tratou-se de um estudo transversal e quantitativo, com abordagem descritiva, realizado em uma escola do interior de Minas Gerais, com escolares de 7 a 10 anos de idade. Os dados foram coletados de setembro a novembro de 2014 e teve aprovação do CEP/UNIPAM (Parecer nº 646.396). Foram realizadas medidas antropométricas e de pressão arterial. Características sócio demográficas, histórico familiar e hábitos de vida do escolar foram levantados através de questionários. A amostra foi composta por 24 meninas e 58 meninos, com média de idade de 7,8 anos. Quanto aos hábitos de vida da criança, observou-se que 70,73% dos participantes não realizavam nenhuma atividade física, dormiam em média 8,9 horas por noite e permaneciam assistindo televisão ou realizando outro tipo de atividade sentado em média de 3,3h/dia, com média de 5,9 dias/semana. As crianças realizavam em média 4,4 refeições/dia, sendo os alimentos mais frequentes as pizzas, salgados e outras massas. Em relação aos antecedentes familiares, 56,10% eram hipertensos, 50% etilistas, 30,49% tabagistas, 45,12% diabéticos, 37,8% dislipidêmicos e 36,59% infartados. Os fatores de risco encontrados nos escolares foram: hipertensão arterial (8), sobrepeso (24), obesidade (6) e obesidade grave (2). A pressão arterial foi classificada de acordo com o percentil 95, sendo encontrados 8 escolares com níveis pressóricos acima deste valor e 70,73% sedentários. A história familiar apresentou a hipertensão como o fator mais prevalente. A obesidade se relaciona aos hábitos alimentares e a falta de atividade física, que por sua vez pode provocar aumento da pressão arterial, distúrbios metabólicos e outros agravos, contribuindo para a perda da saúde desde muito cedo, aumentando com a idade, seu agravamento. As transformações socioculturais ocorridas nos últimos anos, principalmente com a inclusão da mulher no mercado de trabalho, aparatos tecnológicos e acesso a mídia, impuseram à criança a um estilo de vida com muitos riscos para sua saúde cardiovascular, motivos entre outros, responsáveis pelos resultados encontrados neste estudo.