Tratamento empírico e direcionado às pessoas com sepse em um hospital de médio porte em Minas Gerais
Resumo
A sepse é uma síndrome em resposta a uma inflamação sistêmica, frente a um agente agressor. Ela se manifesta no organismo de acordo com o tempo decorrido desde suas primeiras manifestações até o início do quadro clínico que usualmente se manifesta com alterações inespecíficas dos sinais vitais como taquicardia e taquipnéia. A resistência dos microrganismos aos antibióticos pode estar relacionada ao uso indiscriminado de medicamentos pelos profissionais da saúde propiciando susceptibilidade para desenvolver infecções no hospedeiro. Desta feita, este estudo objetivou avaliar a prevalência de tratamento baseado em sinais e sintomas e o tratamento com diagnóstico microbiológico dispensado as pessoas com sepse e internadas em um hospital público de médio porte em uma cidade no interior de Minas Gerais. Objetivou especificamente descrever o perfil demográfico das pessoas com sepse, identificar os microrganismos frequentemente relacionados com o seu desenvolvimento, os antibióticos utilizados para o tratamento e o desfecho do paciente (alta, óbito e transferência para outra unidade de saúde). Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo e de abordagem quantitativa realizado no Hospital Regional Antônio Dias da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais. Foi realizado uma busca ativa de informações no banco de dados do Instituto Latino Americano de Sepse no período de janeiro de 2010 à dezembro de 2011, as quais, foram transferidas posteriormente para um questionário. A análise de dados ocorreu por meio da estatística descritiva com o uso do software Statistical Package of Social Sciences for Windows®, versão 16.0 (SPSS). Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Plataforma Brasil pelo parecer nº: 53075 em 05/07/2012 CAAE: 01156712.3. 0000.5119 Dentre os 44 prontuários analisados, 25 (56,8%) dos pacientes eram do sexo feminino e 19 (43,2%) do sexo masculino. A faixa etária predominante foi a de 49 anos ou mais com 68,2%. O principal foco causador da sepse foi o pulmonar encontrado em 17 (38,7%) pacientes, em 12 (27,3%) o foco abdominal, seis (13,6%) foco em trato urinário, cinco (11,4%) em ferida operatória, três (6,8%) com foco em pele e partes moles e um (2,2%) com foco ósseo/articular. A hemocultura foi coletada em 12 (27,3%) casos sendo que destes cinco antes do início do uso de antibióticos e sete após o início da terapia antimicrobiana. O pacote de 6 horas foi cumprido em cinco (11,3%) casos, e o pacote de 24 horas foi cumprido em oito (18,2%) casos, os demais casos não tiveram adesão ao protocolo da instituição. Os antibióticos foram utilizados para tratamento da sepse em 41 (93,2%) casos, três (6,8%) casos não foram feito o uso de antibióticos. Em relação ao tempo de internação hospitalar, pouco mais da metade, 25 (56,8%) pacientes permaneceram entre um a dez dias na instituição, 12 (27,3%) estiveram entre 11 a 20 dias, cinco (11,4%) entre 31 dias ou mais e duas pessoas permaneceram por três dias internados. O foco de atendimento as pessoas com septicemia parece se restringir ao tratamento empírico. A pouca adesão dos profissionais de saúde em relação a não realização da hemocultura e dos pacotes de seis e 24 horas padronizados pela instituição pode influenciar negativamente na resolubilidade da assistência a estas pessoas, além de favorecer maior ônus para o sistema de saúde.