Um estudo psicofisiológico da síndrome da apnéia obstrutiva do sono

avaliação do impacto sobre depressão e memória

Autores

  • G. R. Lobato Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
  • E. J. Lopes Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
  • D. M. Mendes Hospital Nossa Senhora de Fátima (HNSF)

Resumo

As doenças que produzem insônia ou sonolência excessiva são caracterizadas como dissonias e, dentre estas, destaca-se a Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono. Essa síndrome consiste de paradas na respiração, ocorridas durante o sono, devidas ao fechamento das vias aéreas superiores. Na medida em que a respiração cessa totalmente (apnéia) ou parcialmente (hipopnéia), há uma diminuição nos níveis de oxigênio do sangue, desencadeando uma resposta central de despertar ou microdespertar, as quais fragmentam o sono, tornando-o superficial e não reparador e, por conseguinte, acarreta problemas para a pessoa no período de vigília. Recentemente, tem-se estudado os correlatos psicológicos da síndrome da apnéia obstrutiva do sono, havendo evidências de correlação positiva entre essa síndrome e a depressão, bem como com perdas da capacidade de memorização. O objetivo desta pesquisa foi verificar a correlação da síndrome da apnéia obstrutiva do sono com a depressão e memória, assim como a correlação entre essas variáveis e a percentagem de sono REM (“rapid eyes moviments”). A hipótese central é que um grau maior de apnéia estaria associado com estados depressivos mais graves, além de perdas significativas de memória. Além disso, a ausência ou a presença diminuída de sono REM também traria prejuízos para a memória. A amostra foi constituída por dez pacientes, com idade entre 32 e 52 anos, sendo 5 homens e 5 mulheres, de um Hospital particular de Patos de Minas. Esses pacientes, dentro da rotina para o diagnóstico médico, foram submetidos ao exame polissonográfico, no qual se realizam medidas fisiológicas durante o sono (número de apnéias/hipopnéias/hora; percentagem de sono REM). Os pacientes que atingiram o índice de apnéia/hipopnéia compatível com a caracterização da síndrome (índice de apnéia/hipopnéia > 5 eventos/hora) foram convidados a participar da pesquisa, preenchendo o Inventário Beck de Depressão (BDI) e o Questionário dos Esquecimentos Cotidianos (QEC), um questionário de metamemória em que o paciente julga o grau de seus esquecimentos no dia-a-dia em situações tais como acontecimentos da realidade, conhecimentos gerais, lugares e localização de objetos, entre outros. Foram calculados os coeficientes de correlação de Pearson entre os índices de apnéia/hipopnéia-BDI, apnéia /hipopnéia-QEC, BDI-QEC, bem como entre cada um desses índices e a percentagem de sono REM. Não houve nenhuma correlação significativa entre esses índices, exceto uma correlação negativa entre os índices do QEC e percentagem de sono REM (r = -0,668, p < 0,05), o que corrobora apenas a hipótese que relaciona perda de memória com diminuição de sono REM. Esses resultados sugerem, ainda que de forma não causal e nem conclusiva, o importante papel desempenhado pelo sono nos processos de consolidação da memória, papel este que encontra suporte na análise do sono REM do ponto de vista evolutivo.

Biografia do Autor

G. R. Lobato, Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

Bolsista CAPES (Mestrado em Psicologia-UFU, MG)

E. J. Lopes, Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

Laboratório de Psicologia Experimental da Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG

D. M. Mendes, Hospital Nossa Senhora de Fátima (HNSF)

Clínica de Neurofisiologia Nossa Senhora de Fátima, Patos de Minas, MG

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Publicado

2018-07-27

Edição

Seção

Resumos