O impacto do processo de medicalização no contexto escolar e no desenvolvimento das crianças
Palavras-chave:
medicalização, medicalização infantil, contexto escolarResumo
A medicalização é entendida como um processo de transformação dos diferentes problemas pessoais e sociais – não médicos – em processo clínico patológico, apresentando características de doenças e desordens em nível orgânico. O objetivo do presente estudo foi realizar uma revisão bibliográfica da literatura sobre os impactos do processo de medicalização no contexto escolar e no desenvolvimento das crianças. Para a realização deste estudo foram utilizadas as seguintes bases de dados: BVS, Scielo e Pepsic, com os seguintes descritores: medicalização, medicalização infantil e contexto escolar. Além disso, foram utilizados critérios de seleção dos trabalhos, como artigos completos e em língua portuguesa, data de publicação entre 2014 a 2018 e que continham os descritores no resumo. Foram encontrados 13 artigos de acordo com os critérios supracitados. A avaliação dos resultados foi feita com base nas seguintes categorias: os impactos do processo de medicalização no contexto escolar e o impacto do processo de medicalização para o desenvolvimento infantil. A partir das considerações e relatos de autores, pais e professores sobre essa temática, foi possível compreender que a medicalização da educação tem sido frequente em crianças que apresentam comportamentos diferentes daqueles esperados pela escola, o que tem causado uma epidemia de diagnósticos e um aumento muito significativo do uso de medicamentos por crianças e adolescentes em idade escolar. Além disso, a medicação tem sido utilizada para justificar o fracasso escolar de crianças que, embora permaneçam na escola por longos períodos de tempo, não se apropriam dos conteúdos veiculados. Desse modo, atribuir as dificuldades escolares às características orgânicas e cerebrais do estudante, acaba por ocultar os condicionantes sociais, culturais, políticos, educacionais, afetivos e ideológicos que podem estar envolvidos na dificuldade desses alunos. Apesar de encontrar bastante estudos sobre a temática e entender que o fenômeno da medicalização é mais amplo do que a prescrição de remédios e que envolve questões sociais, políticas e escolares, ainda é necessário repensar as dimensões éticas e políticas que estão sendo utilizadas na vida desses estudantes para atender ao mercado capitalista, e a partir daí repensar medidas e possibilidades de construir novos tipos de relações nos diferentes espaços sociais, sobretudo, no escolar.