A sobrecarga em famílias de indivíduos com transtornos mentais
Palavras-chave:
famílias, transtorno mental, sobrecargaResumo
O movimento de desinstitucionalização advindo da reforma psiquiátrica endereçou uma maior responsabilidade de cuidados aos familiares. Foi nesse contexto que surgiram os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Esses novos serviços foram iniciados formalmente em 2001. Com eles, a família começou a ser considerada uma aliada dos serviços de saúde mental, para participar do tratamento e da reinserção social dos usuários dos serviços. O objetivo da presente revisão de literatura é, com base nas evidencias existentes na produção científica, discutir a sobrecarga em familiares de pacientes psiquiátricos. A busca por artigos para revisão bibliográfica foi feita por meio da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS- psi). Foram selecionados artigos presentes na Scielo, com as seguintes palavras-chave: cuidadores, familiares, transtornos mentais e reforma psiquiátrica. Os critérios de inclusão para utilização dos artigos foram os seguintes: disponível em forma completa, publicado nos últimos cinco anos e em português. Foram selecionados seis artigos e delimitados seus objetivos para visualização dos temas que as pesquisas atuais sobre familiares e cuidadores de pacientes psiquiátricos têm ressaltado. Os objetivos dos artigos selecionados foram os seguintes: investigar as estratégias de enfrentamento dos cuidadores e a adaptação transcultural da escala (S-CGQoL) para o Brasil, avaliar as dificuldades vividas pelos familiares cuidadores e investigar a sobrecarga associada à assertividade. A rotina de um familiar, ao se tornar cuidador de um indivíduo com transtornos mentais, sofre mudanças substanciais. Os cuidados necessários cotidianos para com esses indivíduos incluem a administração da medicação, a higiene, o monitoramento dos possíveis comportamentos problemáticos, a preparação da alimentação e a ocupação do tempo da pessoa. Além disso, há um aumento significativo dos gastos financeiros da família. Estudos têm investigado fatores que agravam a sobrecarga de familiares cuidadores de indivíduos com transtornos mentais. Alguns desses fatores são os seguintes: gravidade da sintomatologia, comportamentos problemáticos dos pacientes, baixa escolaridade e falta de informações dos familiares, presença de crianças morando na mesma residência e comprometimento do paciente nas atividades de vida diária. A sobrecarga pode ser caracterizada como física e emocional, do cuidado e financeira. A sobrecarga física e emocional ocorre quando os cuidadores sofrem somatizações. A sobrecarga do cuidado ocorre pela escassez de apoio de outros familiares e pelas exigências do familiar doente. A sobrecarga financeira se enquadra no fato de muitas famílias que possuem um integrante com transtornos mentais terem situações econômicas desfavoráveis, associada com eventuais faltas no trabalho para acompanhar o familiar aos serviços de saúde. Além da sobrecarga, a família com um integrante com transtorno mental vive diversos eventos estressores: o anuncio do diagnóstico, efeitos colaterais das medicações, inabilidade do familiar de exercer atividades de vida diária, falta de informação sobre a cura e possível cronicidade da doença. Conclui-se que, devido à maior responsabilização dos familiares no cuidado da pessoa com transtornos mentais, faz-se necessário o auxilio pela rede de saúde mental e um enfoque maior para a saúde mental de quem cuida. Por fim, há a necessidade de os familiares cuidadores terem momentos de lazer e ocupacionais, fora de casa, para não serem limitados apenas ao papel de cuidador.