Efeito da ingestão de fibras solúveis em dietas hipercalóricas ofertadas a ratas Wistars

Resumo

O consumo de dietas de cafeteria em experimentos in vivo pode ocasionar mudanças no metabolismo glicídico e lipídico, levando ao desenvolvimento de obesidade, dislipidemias e diabetes em roedores. Contudo, a ingestão de fibras parece auxiliar no tratamento dessas doenças. Diante disso, o presente estudo tem por objetivo analisar os efeitos da ingestão da dieta de cafeteria com o acréscimo de fibras provenientes das farinhas de aveia e de casca de maracujá. Foi realizado um experimento no biotério do Centro Universitário de Patos de Minas, com duração de 9 semanas, no qual foram utilizadas 16 ratas Wistars, mantidas em condições de controle de umidade, temperatura de 22°C +/- 2°C e foto período claro-escuro (12/12 horas). Foram ofertadas água e dieta ad libitum. Os grupos experimentais foram mantidos em caixas dispostas em estante ventilada (n=4). Grupo Controle: dieta padrão (Nuvilab®); Grupo Hipercalórico: dieta de cafeteria composta por (11%), leite em pó integral (11%), achocolatado em pó (11%), biscoito maisena (11%), mortadela (11%), bacon (11%), batata palha (11%) e patê de presunto (23%); Grupo Aveia: dieta de cafeteria acrescida de farinha de aveia (2%); Grupo Maracujá: dieta de cafeteria acrescida de farinha de casca de maracujá (2%). Durante todo o experimento, foram avaliados crescimento dos animais, ganho de peso e consumo diário de ração. Ao final, os animais foram submetidos à anestesia e coleta de sangue por punção cardíaca, para a realização de exame de colesterol total. Em seguida, foram submetidos à eutanásia em câmara de dióxido de carbono, para que pudessem ser realizadas a extração, a pesagem e a análise macroscópica dos fígados. O protocolo experimental utilizado nesta pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de Animal (CEUA). Não houve diferença significativa entre os grupos quanto ao ganho de peso, consumo alimentar e peso do fígado. Apesar de as dietas não alterarem significativamente o peso corporal dos animais, as dietas hipercalóricas promoveram leve alteração morfológica (coloração amarela) nos fígados dos animais, indicando que estas podem desencadear um quadro de esteatose hepática. A adição de alimentos calóricos, associados ou não a fibras, não influenciou os níveis de colesterol sérico quando comparados ao grupo Controle. O uso de diferentes fontes de fibras (aveia e casca de maracujá) não causou impacto positivo nos parâmetros analisados, possivelmente devido à pequena concentração utilizada. Conclui-se que, mesmo não alterando todos os itens avaliados, dietas de cafeteria podem causar danos ao organismo de roedores enquanto a ingestão de fibras não promoveu alterações significativas no peso ou nos níveis séricos de colesterol como relatados na literatura. Sugere-se a realização de novos estudos, aumentando-se o tempo de intervenção e a proporção de fibras da dieta a fim de se buscar a melhor visualização da repercussão dos nutrientes estudados.