Materiais restauradores utilizados para tratamento de lesões cervicais não cariosas
revisão de literatura
Palavras-chave:
estética, hipersensibilidade, lesão cervical não cariosaResumo
As Lesões Cervicais Não Cariosas (LCNC) são um processo patológico muito comum, encontrado em até 60% dos indivíduos na fase adulta, sendo observadas com maior prevalência nos pré-molares superiores, seguido dos molares superiores. São caracterizadas por perda mineral dental próximo à junção cemento-esmalte, pois, nessa região, há uma estreita camada de esmalte, o que favorece sua trinca e ruptura. Esta perda de mineral pode ocasionar hipersensibilidade e comprometimento estético e, caso ocorra progressão dessa lesão, poderá afetar a vitalidade pulpar. Portanto, o objetivo desse trabalho é analisar as diferentes propriedades dos materiais restauradores indicados para as LCNC, a fim de se estabelecer o mais indicado para cada caso. Nesse contexto, procedeu-se à revisão de literatura por meio de pesquisa de artigos científicos indexados na plataforma PubMed, utilizando-se os descritores “noncarious cervical lesion” e “dental hypersensitivity”. As LCNC possuem etiologia multifatorial, como trauma mecânico, consumo de alimentos ácidos, distúrbios parafuncionais, sobrecarga oclusal, refluxo gastroesofágico e estresse. O tratamento deve ser integrado, associando a restauração das estruturas dentárias perdidas com a mudança de hábitos. É necessário preconizar o uso de materiais adesivos com propriedades semelhantes às estruturas dentárias, otimizando o comportamento biomecânico, a estética e diminuindo a hipersensibilidade. Os materiais mais utilizados para restaurar LCNC’s são as resinas compostas, os ionômeros de vidro e as cerâmicas. Sobre as resinas compostas, a sua utilização é indicada devido ao fato de ter boa relação custo-benefício, alta lisura superficial, baixo módulo de elasticidade, grande facilidade de reparo e necessitar de preparos minimamente invasivos. Em contrapartida, apresenta como desvantagens a contração de polimerização, a descoloração marginal, a micro infiltração e a sensibilidade pós-operatória. Já para a utilização do ionômero de vidro, pesa a seu favor a baixa irritabilidade pulpar, a liberação de fluoretos, a adesividade à estrutura dentária e o coeficiente de expansão térmica semelhante ao da dentina. Porém, como pontos negativos, apresenta baixa resistência mecânica, opacidade e potencial de solubilidade aos fluidos bucais. Por fim, as cerâmicas têm como vantagem a translucidez, a estabilidade química, o coeficiente de expansão térmica próxima à do dente, a baixa condutividade térmica, a resistência ao desgaste e a compatibilidade biológica. Entretanto, assim como os outros materiais restauradores, a porcelana apresenta algumas desvantagens, como maior dureza em relação ao esmalte dental, friabilidade, baixa resistência à tração e necessita de preparos mais invasivos, quando comparada com a resina composta. É fundamental realizar ajustes oclusais antes e após restaurar a LCNC, a fim de se reduzir a concentração de estresse sob as estruturas dentárias, aumentando sua durabilidade. O tratamento efetivo deve ser multidisciplinar, envolvendo mudanças de hábitos, ajuste oclusal e tratamento restaurador. A resina composta deve ser a primeira opção de escolha por ser um material adesivo com propriedades semelhantes às estruturas dentárias, apresentar boas propriedades e possuir uma técnica de preparo minimamente invasiva.