Atuação fisioterapêutica no tratamento de lesões tegumentares em pacientes com hanseníase
Palavras-chave:
fisioterapia, hanseníase, Mycobacterium lepraeResumo
Introdução: Historicamente dotada de tabus, a hanseníase é uma patologia infectocontagiosa crônica que tem como causador a Mycobacterium leprae. Pode atingir pessoas de qualquer idade e gênero e é transmitida quando se tem um contato íntimo e prolongado com o indivíduo infectado por meio de secreções nasais, gotículas salivares, tosse ou espirro, sendo que o toque com a pele do paciente não transmite a patologia. No geral, se resume em síndromes dermatoneurológicas com lesões na pele e nervos periféricos, sobretudo das mãos, pés e região orbicular dos olhos. Além dos agravos corpóreos, há o comprometimento psicossocial, já que o portador deixa de realizar atividades laborais, recreativas, instrumentais e até mesmo de vida diária que envolvem tarefas básicas de autocuidado. O diagnóstico e o tratamento precoce evitam o prolongamento da mazela e impossibilitam a instalação dos transtornos por ela provocados. A fisioterapia tem um papel de grande notoriedade nos processos de prevenção e tratamento desses pacientes, por meio de procedimentos biomecânicos, ortopédicos, neurofuncionais e dermatológicos, visando sempre à melhora das disfunções fisiopatológicas. Objetivo: Analisar e descrever a eficácia da atuação fisioterapêutica no tratamento de lesões tegumentares em pacientes com hanseníase. Materiais e métodos: Foi realizada uma revisão sistemática nas plataformas científicas “BVS”, BIREME, SCIELO, LILACS, MEDLINE e EBSCO, utilizando os seguintes descritores: fisioterapia, hanseníase e Mycobacterium leprae. Os critérios de inclusão foram: artigos publicados no período de 2009 a 2019, texto completo, idioma português, sendo excluídas publicações como vídeos, artigos não científicos, dissertações de mestrado e teses de doutorado. Resultado e Discussão: Dez artigos abordaram o tema proposto, dentre os quais cinco foram selecionados por acatarem todos os critérios de inclusão. Esses estudos analisaram os domínios de mobilidade, autocuidado, trabalho e destreza de pacientes hansenianos e apontaram que as limitações variam de leves a incapacitantes. Apesar de o conhecimento dos pacientes com hanseníase sobre a intervenção fisioterapêutica preventiva ser raso, os mesmos reconhecer a eficácia da terapêutica no tratamento de sequelas, entre elas as ulcerações. Ultrassom, laser, eletroterapia pulsada, massoterapia superficial, radiação infravermelha e ultravioleta foram aludidas nos achados literários. O diagnóstico e intervenção tardios também foram pontuados, uma vez que contribuem negativamente com a deterioração cinético-funcional e constitui um entrave ao restabelecimento fisiológico e alta clínica. Conclusão: Observou-se que o tratamento fisioterapêutico em pacientes hansenianos aborda essencialmente a prevenção da cascata de eventos da referida patologia, as quais podem ocasionar inépcia e limitações. Os principais recursos de tratamento e prevenção com evidência científica foram a cinesioterapia, laserterapia de baixa intensidade e terapia manual. Notou-se uma escassez a respeito de pesquisas voltadas para a atuação do fisioterapeuta e sua instrumentalização no tratamento da hanseníase e comorbidades associadas, dificultando a escolha de uma abordagem assertiva para os pacientes acometidos.